Fim de Semana de bem com você

Sentimento de culpa pode ser vilão da dieta


Atire o primeiro bombom quem nunca comeu uma caixa de chocolate inteira depois de se dar ao prazer de degustar apenas um pedacinho. A maioria das pessoas se culpa após comer um alimento de que gostam por achar que eles são proibidos, que estão interrompendo a dieta e, com isso, comendo impulsivamente.

Com a culpa vem a necessidade de autopunição, ainda que inconsciente. E é com este sentimento que se deve tomar cuidado. Pois nessas horas, a pessoa que está determinada a emagrecer, pode jogar por água abaixo todo o empenho de meses de dieta e desencadear o processo de compulsão e desânimo.

A culpa é o sentimento que faz com que a pessoa se sinta indigna, carregue remorsos e, por conseqüência, se censure. "Nos dias atuais, a cultura de que devemos ser cada vez menos infalíveis causa uma expectativa completamente inatingível para a maior parte das pessoas", explica Adriano Segal, diretor de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO).

Aprenda a lidar com este sentimento

Não adianta seguir um regime drástico que pode durar, no máximo, um mês. O segredo para lidar com as várias paixões alimentares que todos temos é a quantidade e a freqüência. Se uma quantidade pequena é só de vez em quando, o progresso de emagrecer não sofrerá impedimento.

O chocolate, por exemplo, é a maior tentação para muitas pessoas. E por ser considerado um vilão das dietas, é excluído dos cardápios. Quem está procurando emagrecer e adora comer chocolate, fica tentando equilibrar a força de vontade, entre nunca mais comer a gostosura e o impulso de engolir todo e qualquer tipo de chocolate que apareça pela frente. Ao ceder, o que é freqüente, a pessoa sente tanto remorso que come tudo bem rápido, para diminuir o tempo de culpa. E nesse processo o prazer também é breve.

As papilas gustativas da língua, que são responsáveis pelo reconhecimento do sabor, precisam de tempo para identificar e experimentar as sensações. É na boca que o sabor, a temperatura e a textura dos alimentos são apreciados. Se a comida passa correndo goela abaixo, vai ser necessário comer mais e mais, enchendo o estômago sem saciar o apetite. A tendência é continuar comendo, uma vez que não há mais nada a fazer quando uma promessa é quebrada, - neste caso a promessa de manter a dieta.

Cerveja é outro exemplo. Não exagerando na dose, um ou dois copos no final de semana ou de vez em quando com os amigos, pode perfeitamente ser incluída no esquema do seu prazer sensorial. Uma boa maneira de manter esse prazer sob controle é beber água para matar a sede, deixando a bebida alcoólica apenas para uma degustação ocasional.

Fuja das ciladas

Entre as ciladas mais comuns está o velho pensamento de que já que passou o dia inteiro de regime, "o indivíduo pode 'se dar o direito' de comer um doce à noite, ou já que teve um dia muito estressante e cansativo pode 'se dar o direito' de sair da dieta. O problema é que ele nunca come apenas um doce, e aí a culpa vem com tudo", explica Arthur Kaufman, coordenador do Projeto de Atendimento ao Obeso do Hospital das Clinicas (Prato).

É importante não se privar de comer o que gosta porque a privação é uma grande armadilha para o processo de emagrecimento, já que uma hora acaba caindo em tentação e come compulsivamente aquilo de que mais gosta e que julga ser proibido. Ao achar que está 'pecando', a pessoa fica deprimida, se sente culpada, sua auto-estima cai e ela acaba comendo tudo o que se privou no período em que fez regime. "A culpa provém do erro, provém da falta de perfeição, da perfeição desejada e idealizada", conclui Kaufman.

Outra dica é "não fazer dietas repetidas e exageradas e não ter períodos de jejum e excluir a idéia de que temos que ganhar o primeiro prêmio. A pessoa tem que fazer uma reflexão sobre o que se quer e o quanto vale a pena investir para alcançar seu objetivo. Neste contexto, a culpa poderá ser uma aliada e não uma inimiga, como um aviso de que algo está errado. Estabelecer uma meta realista, incluindo alguns deslizes no planejamento e definindo estratégias para lidar com as situações, facilita o processo de atingir o objetivo final", ensina Segal.

Não se privar, comer moderadamente e procurar identificar os sentimentos é a chave para vencer a culpa. Reconhecer que a culpa traz muitas conseqüências em nosso modo de ser e agir, perceber como se sente, elevando o autoconhecimento para mudar o que causa o sofrimento. "A psicoterapia é muito importante para aprender a reconhecer os sentimentos e a lidar com eles, de forma a não ficar escravizado a eles", sugere Kalfman.

Lembre-se: Nenhum alimento deve ser considerado mau ou bom. E nada de culpa, quando se permitir degustar o alimento desejado ou mesmo acabar cometendo deslizes. Recomece, fazendo as refeições com equilíbrio e variedade, desta forma não atrapalhará a sua dieta.

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